A Beleza dos Mitos Celtas

As primeiras referências que temos dos povos Celtas encontram-se na literatura grega datada por volta de 500 a.C. Eles habitavam uma vasta área geográfica, que incluía a França, a Espanha e se estendia até o Danúbio superior, na Europa Oriental. Alguns arqueólogos defendem a existência espalhada e gradual da celtização de culturas na Europa Setentrional e Meridional por volta de 1500 anos a.C., indo desde a Bretanha céltica às terras verdes da Irlanda - atualmente há uma nova hipótese indicando um movimento contrário, das ilhas ao continente. Além disso, a palavra celta é derivada de “keltoi” e que os antigos gregos usavam para denominar as tribos do norte.

O termo “celta” é uma descrição cultural moderna e seus laços são definidos através do seu idioma. As línguas célticas derivam de dois ramos indo-europeus, conhecidas como: o Celta-Q (goidélico), o ramo mais antigo e do qual derivam o Gaélico Irlandês, o Gaélico Escocês e a Língua Manx ou Manquês, da Ilha de Man. E o Celta-P (galo-britânico), falado pelos galeses, gauleses e bretões, habitantes da Bretanha, atual região da França, cujos descendentes são os franceses.


Jóias em ferro do período La Tène
Rheinisches Landesmuseum, Trier na Alemanha

Os celtas introduziram a metalurgia do ferro na Europa, dando origem à Idade do Ferro, através das culturas de Hallstatt (800-450 a.C.) e La Tène (de 450 a.C. até à conquista romana), por isto eram considerados grandes guerreiros. Apesar de nunca terem construído um império, sua cultura foi preservada e transmitida pela tradição oral através dos mitos e das lendas.

Observamos que em todos os mitos é evidente a paixão e a valorização da beleza, seja no preparo do corpo para os combates, passando pelos ornamentos de uma rica joalheria, que tinham por objetivo transmitir poderosos sinais visuais de religiosidade e poder, conservando, até os dias de hoje, uma identidade cultural céltica bem definida.


Torque em ouro do período Hallstatt
Museu de Arqueológia Châtillon-sur-Seine, França

As lendas arthurianas promovem a volta do famoso Rei Arthur - personagem inspirado num possível líder militar do século IV d.C. chamado Arturus - através do Romantismo e do Medievalismo, temas que retratavam o drama humano, os amores trágicos e os símbolos místicos.

Os contos a respeito desta temática no mundo céltico estão graficamente preservados em manuscritos, como o Mabinogion, que é uma coletânea de textos escritos em prosa, no galês medieval, e nos costumes dos primeiros contadores de histórias, conhecidos como bardos, na tradição druídica. Bem como nos mitos da tradição irlandesa, que descrevem uma elite de guerreiros conhecidos como Fiannas, do Ciclo de Ulster, o"Ciclo do Ramo Vermelho", antigo Ulaid.

Estas histórias serviam de inspiração na educação dos jovens da nobreza cristã, apesar da influência céltica pagã, pois seus personagens heróicos forneciam um modelo de comportamento guerreiro, próprio para juventude da época. Contudo, os mitos também forneciam representações lendárias de personagens reais, cujos atos são tão marcantes que foram preservados tanto na poesia bárdica como na memória popular.

Conforme Thomas Malory, os personagens literários que mais se destacaram no Ciclo Arthuriano são:

- Rei Arthur: o lendário líder da Cornualha que unificou todo o reino, onde se desenvolve o ciclo arthuriano.

- Morgana: a meia-irmã de Arthur, a fada e a feiticeira, na lenda arthuriana - inspirada na Deusa irlandesa Morrighan, a Grande Rainha dos campos de batalha, uma analogia àquela que leva Arthur de volta a Avalon, o Outro Mundo, após o seu último combate.

- Merlin: o grande mago e conselheiro do rei, inspirado em Myrddin da mitologia galesa, presente durante o ciclo arthuriano. Merlin tinha a habilidade para mudar de forma, considerado o senhor da profecia, da divinação, da magia e das previsões estratégicas.

- Guinevere: esposa do rei Arthur, conhecida por amar também Lancelot, causando a rivalidade entre ele e Arthur.

- Lancelot: o mais famoso cavaleiro do rei Arthur, apaixonado por Guinevere, pai de Galahad, o cavaleiro que encontra o Graal.

- Viviane: a Senhora do Lago em Avalon.

- Uther Pendragon: o pai de Arthur e rei antes dele.

- Igraine: a mãe do rei Arthur e de Morgana.

- Mordred: filho de Arthur e Morgana. Representa as forças do caos quando duela com o próprio pai.

Empiricamente podemos dizer que a beleza dos mitos arthurianos e das lendas celtas se destacam na renovação de ideais há muito perdidos, mas jamais esquecidos dentro de nós... A verdade, a honra, a justiça, a lealdade, o bem e o belo, princípios que todo o ser humano deve buscar em sua jornada espiritual. Que assim seja!

Referências bibliográficas:
GUEST, Lady Charlotte - The Mabinogion - Ed. Kinkley, 1887.
BELLINGHAM, David - Introdução à Mitologia Céltica - Ed. Estampa, 1999

Rowena A. Senėwėen ® ®

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4 comments

  1. Anônimo14/10/08

    Parabéns pelo artigo, amiga!

    É muito importante divulgarmos a verdade e a sabedoria deste povo!

    Beijo grande com as bênçãos da Deusa.

    Anna

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  2. Amada,

    confio tanto na tua sabedoria...

    Que bom vê-la dividida entre muitos!!!

    Beijos enormes e muitas bênçãos,

    Lydiah.

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  3. Anna, minha querida...

    Obrigada pelo carinho! Todas as verdades estão contidas em nossos corações, pois é através da sabedoria ancestral que podemos compreender e compartilhar um pouquinho das bênçãos desse povo maravilhoso que faz nossas almas vibrarem. Beijos...

    )O( Rowena

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  4. Querida, Lydiah!

    Nossas escolhas nos levam a esse caminho de redescobertas e de sabedoria que, só aos poucos, nos damos conta... Entre tantos outros caminhos, a Deusa nos escolheu para sermos sua voz em ação e que bom poder aprender contigo também, minha amiga! Beijos no coração...

    )O( Rowena

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