"As lendas mostram que os seres sobrenaturais, com os quais os celtas têm de se relacionar com mais freqüência do que gostariam, vivem em lugares de nomes sugestivos e de alguma forma relacionados com a água - ilhas, em geral. A Terra das Promessas, a Terra das Mulheres, a Ilha das Duas Brumas, a Ilha das Maçãs - Avalon.
Para chegar a esses lugares é preciso se arriscar no mar, isto é, no mundo emocional, o mesmo oceano primordial ao qual o mito pertence e do qual nasce a primeira vida. Mas, ainda que tenhamos notícias de viagens marítimas, sabemos que os barcos não os agradavam de forma especial.
Quando em algumas de suas expedições terão de cruzar um curso de água mais largo do que o Tejo (rio da Península Ibérica), a descrição da viagem adquire proporções épicas!
E se tratar de atravessar um simples rio, tudo o que estiver relacionado com vaus e pontes exige especial interesse. Sempre que aparece um desses elementos estamos diante de uma fronteira com o além.
(Lady of Shalott by John Grimshaw)
Em um dos relatos do Mabinogion aparecem, separados por um rio, dois rebanhos de cordeiros: um branco e outro negro. Quando um cordeiro negro atravessava a vau, se tornava branco e vice-versa.
Essa é uma ilustração poética sobre a transmigração das almas. A ponte é objeto de proibição de passagem nas lendas medievais: lutar sobre ela ou sobre o vau é um combate mágico; por isso muitos cavaleiros novatos buscavam uma espécie de iniciação no caminho das armas cobrando pedágio na ponte e combatendo quem se negasse a pagá-lo."
Cruzando os céus de leste a oeste, de norte a sul
A alma percorre caminhos por entre as sombras da Lua
Onde espíritos da noite, envoltos pela névoa de prata
Brindam o entardecer na densidade do tempo que recua
Revelações escondidas, abaixo e acima das emoções
Nos mitos que vão muito além das espirais do saber
Nesta dança frenética sem fim, envolvente e sedutora
Refletem belas formas que começam a desaparecer
Seguem adiante e mergulham nesse mais belo azul
Para despertar nas terras da aurora prometida
Raízes ancestrais que circulam por entre os mundos
Resgatando a magia das lendas, outrora perdida
Rowena A. Senėwėen ®
Extraído do livro Brumas do Tempo
Todos os direitos reservados.
Escritora, oraculista e pesquisadora do paganismo desde 1999. A partir de 2004 começou a vivenciar o Druidismo sob uma ótica reconstrucionista. Filiada à ordem druídica ADF e integrante do CBDRC. Idealizadora do site Templo de Avalon : Caer Siddi, do grupo Fidnemėd an Síd, autora do livro Brumas do Tempo e da Mentoria Oracular Anam Mór ®.
"Na presença do meu povo,
Desde o começo da vida,
Na visão dos Deuses
E dos não-deuses,
Em homenagem à imensa
Generosidade do Universo,
Agradeço a minha parte."